Viagem à França

Viagem à França, uma imersão no mundo do vinho, uma experiência memorável, uma descoberta dos sentidos…..


A Confraria do Vinho de Bento Gonçalves aproveitou o verão europeu e a realização da Vinexpo em junho último e mais uma vez cumpriu com um dos seus objetivos que é de conhecer as principais regiões vitivinícolas do mundo. Assim, como já haviam feito em missões à Itália, Portugal, Argentina, Chile e Uruguai, desta vez, foram conhecer três das principais regiões vinícolas da França: Champagne, Borgonha e Bordeaux.


 A missão, deixou o Brasil e após 3 dias em Paris, conhecendo alguns dos mais visitados pontos turísticos da cidade luz, começou a incursão pelas 12 diferentes vinícolas, duas cooperativas e dois institutos de pesquisa e fomento, um museu e uma indústria de insumos da secular e mais tradicional do ramo no mundo.


 A constação dos confrades, entre eles enólogos, pesquisadores, donos de vinícolas e enófilos, é que o negócio do vinho na França distingue-se especialmente pela tradição, cultura, arte e história aliados à dedicação que beira a devoção pelo cultivo de videiras e elaboração de vinhos com rígido controle de qualidade e de origem. Somados a estes quesitos à tecnologia e aos conhecimentos que são agregados graças à pesquisa, conseguem produtos com alto valor agregado e de excelência reconhecidos em todo o mundo.


Os confrades puderam conhecer de perto o sistema de classificação dos vinhos de acordo com as regiões de delimitação. São 400 regiões de Appellations d’Origine Contrôlée, responsáveis  por 29% dos vinhos da França. Nestas áreas, um hectare de terra está avaliado em 1 milhão de euros. São 324 crus (subdivididos em 17 gran cru, 41 premiére cru e 259 cru. A classificação de cada vinho depende mais do seu terroir do que da safra, embora as grandes safras originem os vinhos millésime.


Além de conhecerem os grandes Champagnes, como a região de Reims – Epernay e Ay, que reúne 35 mil ha na produção controlada, verificaram in loco como funciona a denominação de origem: os vinhos espumantes produzidos fora da região de Champagne recebem a denominação de Vins de Mousseaux ou Cremants e perdem, infinitamente, em valor agregado e consequentemente em qualidade.


Em Borgonha, berço dos famosos Beaujolais, Gamay e Chablis encontramos excelentes vinhos brancos como o Chardonnay e roses leves e agradáveis que eram vistos com freqüência na mesa dos restaurantes saudando o verão que se iniciava.


Permanecemos em Beaune, um cidade simpática, que parece ter parado no tempo, onde os museus e lojas de antiguidades são uma homenagem ao vinho em cada esquina, desde a decoração dos postes de luz até o charmoso telhado das edificações. Isso sem falar das agradáveis feiras de produtos aos sábados pela manhã, onde pode-se adquirir de tudo desde os tradicionais pães, flores, frutas da época, frios, assados, especiarias, temperos e patês, numa aromática e deliciosa experiência pelo interior.


De Beaune fomos à Lyon, reconhecida pela excelência gastronômica, onde renomados chefs passaram por lá deixando seus aromas e sabores nos restaurantes simpáticos, pequenos e aconchegantes das pequenas ruelas entre imensas catedrais e casarões preservados.


 Em Bordeaux, outra importante região dos vinhos tintos dos famosos Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, visitamos algumas cantinas e tivemos o privilégio de participar da Vinexpo, a mais importante feira do setor. Encontra-se vinhos do mundo todo, inclusive neste ano, pela primeira vez, os vinhos nacionais estavam presentes através da Wine from Brazil, com algumas vinícolas da serra, o que nos emocionou muito. Lá tem-se a oportunidade de provar produtos, conhecer tendências, participar de degustações como foi a de espumantes italianos da Lombardia e Piemonte com Dr. Martelli – DOC – Alta Langa e Oltrepó Pavese Seminar em que chama atenção os brut maturados com 36 a 48 meses na garrafa e os rosés – Pinot Noir – com cor rosa claro e com notas de frutas frescas como citrus. Cabe registrar o comentário emocionado de Martelli : « A avaliação de um vinho é como uma orquestra, onde todos os instrumentos devem estar em sintonia, de nada adiante descrevê-los individualmente se no final não resultar em perfeita harmonia. Harmonia que é um conjunto formado pelo ambiente, companhia e produto. »


 Ainda nesta região fomos a Saint Emilion, há 10 anos patrimônio histórico da Unesco, onde tudo deve se manter preservado, onde 100 km subterrâneo conservam em suas caves vinhos valiosos, não apenas pelo produto mas pela forma como elaboram, citando  o proprietário do Chateau Auseane : « Está contemplado que as pessoas que fazem o vinho devem estar de bem  para nao passar sentimentos negativos à bebida. O vinho é uma representação do estado de espírito do viticultor, sentimento do produtor, por isso nao se pode descrevê-lo apenas organolepticamente. »


Ainda em Bordeaux tivemos a emoção de visitar o Mosteiro onde « Os Jurados » da Confraria reuniam-se para celebrar a colheita e homenagear aqueles trabalhavam em honra ao vinho. O mosteiro é de emocionar e arrepiar pela agradável sensação e pela viagem no tempo. Compreender, entre os mosaicos e painéis o que estes jurados fizeram e perceber a dimensão de continuar este louvor através das confrarias de fato emociona.


 «  Os “jurados” de hoje, como aqueles de antigamente, permanecem guardiões de uma grande tradição, aquela do vinhedo de Saint Émilion”.


 «  Existe aqui uma terra milagrosa que oferece a todos frutos de infinita nobreza. O vinho nos congrega, nos une, e sem mais esperar, paladares juntam-se a instantes de felicidade e amizade que sozinhas as pedras, o imaginário e o vinho sabem proporcionar”.


Na avaliação do grupo, a viagem agregou conhecimentos e confirmou impressões adquiridas em estudos e relatos: fomos bem recebidos, de forma educada e cortês, e podemos tirar proveito pessoal desta maravilhosa viagem. Outra constatação é de que podemos nos dar conta de que temos aprendido muito nesta que é a arte de elaborar vinhos e espumantes diferenciados, respeitando nossas características, e que em termos de qualidade, podemos nos orgulhar com o que estamos oferecendo ao mundo, e isso parece que internacionalmente já está sendo reconhecido, basta aliarmos com sabedoria, cultura, tradição e história à pesquisa, tecnologia e inovação.


Bem, “au revoir” França! Ou, até nosso próximo roteiro enogastronômico, Confraria do Vinho!!!


Conheça as empresas visitadas, e acesse as fotos para conferir as imagens da nossa viagem!


Região de Reims ( champagne)


*      Moet Chandon
*      Bollinger
*      Ayala
*      Institut International dês Vins de Champagne
*      Pommery
*      Cooperativa Nicolas Feuillatte
*      Lanson 


Borgonha ( Beaune)
*      Museu do Vinho
*      Patriarche
*      Bouchard
*      Loron 


Bordeaux
*      Vinexpo
*      Laffort
*      Talbot
*      Palmer Linch Bages
*      Mosteiro da Confraria
*      Chateau Auseane
*      União de Produtores de Saint Emillion
*      Ballestard La Tonelle
*      Instituto de Ciência da Vinha e do Vinho 

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